Uma mulher se torna amiga de uma faxineira desfigurada por queimaduras. Logo ela descobre, da pior maneira possível, que as cicatrizes escondem algo assustador.
Em meio a tantos filmes ruins que tenho assistido, este é bom. Surpreendentemente bom. A Moça da Limpeza é uma história que mescla terror e suspense, combinando boas sacadas de enredo com dois fluxos narrativos, o presente e o flashback, fora a cena inicial.
Comecemos pelo começo. Em geral, filmes de terror contém uma cena inicial inútil, ou quase inútil, que, basicamente, serve para introduzir o conceito aterrorizante que será explorado ao longo do filme. Aqui, o início é uma cena assustadora de ratos sendo batidos no liquidificador.
A princípio pensei que fosse um erro do diretor, pois, ou a cena adiantaria algo, o enfraquecendo, ou não teria utilidade. Ledo engano. Os ratos são essenciais para compreender o desfecho da narrativa via flashback.
E, estruturalmente, A Moça da Limpeza é bem feito. No transcorrer do longa, considerei o flashback um erro, já que a mera origem do distúrbio da vilã não era justificativa boa o suficiente para a troca de foco narrativo. Ao final, a cena de abertura, o flashback e o presente foram amarrados de maneira brilhante.
Os conflitos dos personagens mais importantes vão se desenrolando e afunilando, até o excelente momento em que a Shelly apaga a Alice e chama o Michael, o qual é seguido pela Helen.
A magia está no quão lógica é essa situação. Shelly frequentava rotineiramente a casa da Alice e entrou lá algumas vezes sem ser percebida; Alice, uma viciada em amor, era amante do Michael e, após um tempo o evitando, eles estavam se vendo novamente; Michael era rico, casado e tinha medo de perder metade do que tinha no divórcio; Helen desconfiava há tempos de atitudes estranhas do marido.
Nada disso é excepcional, mas a condução é coerente, o que fortalece muito o terço final de A Moça da Limpeza.
O laço da protagonista com a vilã pode parecer forçado, rápido demais, mas há algumas desculpas interessantes para tal. Na primeira ficada até mais tarde, a Alice queria a companhia da Shelly porque sabia que sozinha não resistiria ao Michael (fato comprovado pela forma fácil como eles voltaram a se ver). A partir daí, é claro que houve um exercício de caridade.
A Shelly é uma moça da limpeza, tem o rosto queimado e tem dificuldade com interações sociais. Ela chama caridade, apesar do outro lado.
O título desta resenha é “isso é tão estranho” porque essa era a frase que me vinha à mente sempre que acontecia uma das desconfortáveis conversas da Shelly com a Alice. Outro bom adjetivo seria “constrangedor”. Ela é estranha o suficiente para ser ilógico a Alice continuar agindo normalmente com ela? Quase. E deixo esse “quase” de lambuja para A Moça da Limpeza.
Duas esquisitices se destacavam entre os aspectos da Shelly: ela morava no meio do nada e mantinha uma pessoa em cativeiro, indo até ela apenas para a refeição. Quem era essa pessoa? Vamos ao flashback.
O passado traumático da Shelly consiste em sua mãe tê-la tornado prostituta. Não havia escolha e em duas vezes nas quais Shelly se rebelou, houve consequências: na primeira, o cliente atacado queimou seu rosto, na segunda, sua mãe ameaçou cortar-lhe a língua.
Esta justificativa para o comportamento da Shelly não quer dizer nada, tematicamente falando, mas fortalece a narrativa à medida que converge três linhas narrativas em uma revelação aterradora e, até certo ponto, satisfatória.
Outro elemento do flashback é o gosto da Shelly por brincar de boneca. Várias vezes ela ajeita a boneca e observa do lado de fora da casa.
No decorrer da cena final, eu entendi o que estava acontecendo e torci muito para que o filme acabasse sem se estender mais. Felizmente, A Moça da Limpeza terminou bem. Diria eu que muito bem.
A Moça da Limpeza é um filme bom. Não está na prateleira de cima, mas é astuto, responsável, coerente e mais do que satisfatório.
Minhas críticas são assumidamente com spoilers, mas prefiro evitar entrar em muitos detalhes para não estragar a experiência de quem só quer ter certeza de que o filme vale a pena.
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Achei estranho. A capa do filme não condiz com a verdadeira face da moça da limpeza. Ela, em momento algum, usa as luvas vermelhas, e a máscara é irrelevante. Enfim, esperava mais, o final me deixou confusa, enojada, e com total vontade de falar com um terapeuta. Mas boa sorte aos que forem assistir…
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verdade linda, concordo.
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No começo estava horrivel. No final parecia que tava no começo.
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Filme Isquisito…
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Pouco gostável.
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Acho que o final não foi legal. Pareceu mais uma série. Como se fosse primeiro episódio. Sinceramente me decepcionei com o filme !
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se manque
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Não entendi o final com Alice sendo presa por Shelly. É pelo gosto dela de brincar de boneca? Não se faz de total compreensão só isso de explicação.
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O que a Shelly fez com a mãe já indicava esse gosto dela por brincar de forma realista. É isso, a Alice virando uma boneca da Shelly.
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Voce assistiu Death Note?
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Assisti e li.
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Eu acho que fez total sentido, o que não muda o fato do filme ser ruim.
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Adorei o filme, prende do início ao fim e teve um final sensacional. Não ficaram enrolando . Vale a pena ser visto.
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Achei sua opiniao um pouco desnecessaria… Tipo, o filme eh um lixo, o final nao faz sentido, nada faz sentido. Reveja.
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