Uma família se prepara para as festas de Natal, mas o pequeno Max não está contente de ver seus familiares brigando o tempo inteiro. Irritado, ele acaba despertando uma força maligna chamada Krampus, que nada mais é do que a sombra do Papai Noel. Este monstro ataca principalmente pessoas que não acreditam no Natal, e coloca em risco Max e toda a sua família.
Krampus — O Terror do Natal é um filme de terror que possui um começo infantil e leve contraproducente, considerando que afeta a qualidade do terror e induz o espectador a achar que o filme é algo que ele não é.
Toda a ambientação de família em crise pode ser analisada de duas formas.
Forma positiva: é bem divertido ver a situação desenrolar naquele clima da música Normas da Casa (Zeca Pagodinho), o que rende, além do humor, um drama eficiente. A cena em que a garota chata lê a cartinha do protagonista é de partir o coração. Em suma, o protagonista está rodeado de parentes babacas e inconvenientes. O problema é que…
Forma negativa: essa condição de “família problemática” sugere que o tema de Krampus — O Terror do Natal é a valorização dos laços sanguíneos, o que é reforçado pelo mecanismo de a perda da fé invocar o Krampus. Eu passei o filme todo esperando os personagens se desenvolverem e encerrarem esse processo de amadurecimento, mas isso nunca acontece.
Ao final, tive receio de que o filme encerrasse tal conflito num imenso salto lógico, mas ele me surpreendeu positivamente. Falarei sobre o final mais para frente.
Por algum motivo, Krampus — O Terror do Natal quis adotar esse estilo mais “família” e suavizou toda a parte do terror. As cenas não são explícitas e, apesar de a situação ser assustadora, senti que faltou Krampus nesse filme. Ele aparece pouco e menos ainda de forma nítida. Não que o longa seja totalmente infantil.
Se falta sangue, sobra jumpscare, cenas muito cortadas e uma detestavelmente baixa iluminação. Foi difícil entender o que se passava nas cenas de ação, o que prejudicou muito a experiência. Apesar disto, gostei dos biscoitos. Talvez tenham sido a melhor coisa do filme.
Filme este que não tem personagens lá muito interessantes. O que mais me chamou atenção foi a avó. Particularmente, o flashback dela é uma das construções mais interessantes, em estética e enredo, que vi nos últimos tempos, no cinema de terror.
Ao longo de Krampus — O Terror do Natal existe uma exponencial sensação de impotência. Não importa o que os personagens façam, eles não parecem capazes de enfrentar Krampus e, ao mesmo tempo, nenhuma alternativa se mostra. Nem a alternativa da resolução da problemática familiar.
O terror dessa derrota gradual foi muito eficiente e me fez pensar: “certo, muito legal, mas como é que o protagonista vai sair dessa?”. Quando o Max começou a dialogar com o Krampus, eu tive medo de que tudo voltasse ao normal partir de alguma ação dele próprio.
Nada, além do sacrifício (real) do Max, justificaria o recuo de Krampus, uma vez que tal perspectiva não fora estabelecida e, principalmente, o protagonista não tinha nenhum conflito para resolver, nenhuma solução para aprender, mas sim sua família.
Quando o Max acordou, a atmosfera parecia ser a de um sonho. Imaginei que podia ser uma ilusão e logo seria mostrado ele na casa vazia ou algo assim. A escolha de Krampus — O Terror do Natal foi muito mais ousada e astuta. Já sabíamos que Krampus não dá, apenas tira e o filme nos induziu a achar que ele estaria dando algo ao protagonista.
Na realidade, Max e seus familiares estão vivendo um pesadelo interminável e praticamente indescritível, desolador. O vilão era muito mais forte e venceu. Fim da história. Um fim corajoso, coerente e que torna incrivelmente satisfatório um enredo que caminhava firme rumo à mediocridade.
Não que a obra se torne recomendável, de modo algum, mas, dentro do subgênero de filmes de terror natalino, há de se considerar a possibilidade de assistir Krampus — O Terror do Natal.
Krampus — O Terror do Natal é um filme meia boca com um final muito bom.
Honestamente, eu esperava que esta primeira parte do especial de Natal do Blog do Kira fosse a resenha de um filme apenas ruim. Felizmente, eu estava enganado.
Observação: desnecessário fazer um pôster daquele jeito. Tira o peso do elemento mais importante do filme.