A introdução de Creepshow — Arrepio do medo me soou estranha, amadora, provavelmente por causa da dublagem. A sacada da revista em quadrinhos que tem o nome do filme é legal e a transição para as animações é interessante. Desnecessária, mas visualmente agradável.
Dia dos pais
A princípio se destaca o uso de uma estética que brinca com o conceito de quadrinhos. É uma ideia interessante, mas a aplicação dos efeitos quadrinísticos deixa o conto com uma aparência ridícula. Tal aparência é imensamente reforçada pela dublagem ruim (será que o original tem atuações ruins? Provavelmente) e pelo estranho e longo diálogo expositivo inicial.
Tudo no conto é ridículo: os personagens dançando, os diálogos, os ataques, a aparência do monstro e o conjunto da obra. A única parte boa é o momento em que o monstro sai da terra. É tão ruim e ridículo que parece comédia, não terror.
Dia dos Pais é tempo perdido.
A morte solitária de Jordy Verrill
Este conto se apoio no personagem ridículo e no avanço do verde. o personagem é patético, mas as situações dele são razoavelmente engraçadas, diferente do conto anterior. A desventura que o protagonista enfrenta devido à sua irresponsabilidade é divertida e assustadora, pois o avanço do verde reforça muito o terror.
Como o personagem não faz nada, o avanço do verde é o único enredo que o conto possui. Não é bom, mas não é perda de tempo. O desfecho poderia ser impactante como é em outras obras, mas a carga humorística o impede de ter maior impacto emocional.
A escolha do conto por ser ridículo tornou o final um mero capricho. A história é só uma trama qualquer. Não é notavelmente bom nem ruim.
Indo com a maré
Este conto é radicalmente diferente dos anteriores. por não ter aquelas patetagens, por mais que ele tenha um pedaço consideravelmente longo bem feito, soa estranho no todo da obra. Esse pedaço é uma história simples de crime com toques de “jogos mortais”.
Não é lá grandes coisas, mas não possui defeitos de execução. Seria uma bela nota 7, mas a segunda parte do conto apela para uma assombração tosca que a dublagem tornou horrível graças ao efeito na voz dos monstros.
Não é o pior segmento de antologia do mundo, mas é tedioso e fraco. Se os primeiros fossem histórias sérias, este seria um copo meio cheio.
O caixote
Uma legítima história de terror. Tem pessoas irrelevantes fazendo irrelevâncias, um homem que deseja matar a mulher e um monstro assustador que come pessoas.
Este conto perde pontos pelo foco nas pessoas irrelevantes e pela falta de um plot twist. A insistência em mudar a coloração da tela quando o monstro atacava indicava que havia algo de especial. Considerando as pistas que o roteiro entrega, imaginei que seria revelado que o monstro era o protagonista.
No fim, não houve revelação e acabou sendo uma trama simples. Foi um desperdício de oportunidade. Tanto com o marido quanto com o protagonista. O jeito que o marido quis limpar o sangue e tratou as mortes como corriqueiras ficou de graça. Lamentável.
Poderia ser bom, mas é apenas qualquer coisa com uma criatura assustadora.
Baratas
Um empresário babaca lidando com baratas em seu apartamento. Embora o terror da quantidade de insetos seja aflitivo, é evidente que aquilo tudo é alucinação do empresário, o que faz o conto perder peso. Neste cenário, a cena final do corpo soa gratuita. É um péssimo segmento.
Considerações finais
Creepshow — Arrepio do medo é uma antologia ruim por dois motivos: suas histórias não são boas e as duas iniciais pendem demais para a comédia, o que torna o conjunto da obra indeciso. Eu poderia achar que ser antigo é o problema, mas A Cripta dos Sonhos é mais antigo e muito melhor.
Se era para ser comédia, o terceiro, o quarto e o quinto fracassam sem tentar.